Mãos levantadas

Sobre a não linearidade do processo terapêutico.

Ao iniciarmos o processo terapêutico, é necessário compreender que a jornada que leva a um bem-estar emocional pode ser cheia de curvas e não linearidade. E estes altos e baixos que se apresentam como reflexo da complexidade que se dá na experiência humana.
Buscar o aprimoramento através do autoconhecimento pode ser um ato muito corajoso e, por vezes, doloroso para a experiência humana. Por aqui exploramos potencialidades para aprendermos a lidar com algumas vulnerabilidades existentes em nós. E em uma vida permeada por altos e baixos, nossos processos que nos levam a olhar para dentro também se mostram em constante flutuação.
Para fazermos as pazes com nossa própria flutuação é necessário compreender e acolher até mesmo nossos processos de instabilidade como parte da jornada de autoconhecimento da qual se está em busca. Afinal, não sentir-se constantemente da mesma maneira é o que nos possibilita capacidade de reflexão. Conhecer-se é descobrir coisas sobre si, perceber que não gosta, e assim ter a capacidade e coragem de mudá-las.
Assim como na vida, a terapia nos leva a questionamentos e caminhos inesperados. Questões emergem, descobertas são feitas, e a partir do imprevisível é que se dá o verdadeiro processo de auto descoberta, possibilitando a transformação.
É comum que se apresentem até mesmo momentos considerados “retrocessos” durante um processo psicoterapêutico, no entanto, até mesmo estes momentos podem nos sinalizar alguma necessidade de atenção, talvez ainda seja necessário olhar para trás e acolher o que nos faz entrar em ciclos de repetição, intimidando o indivíduo a se conectar com uma outra possibilidade de ser e existir. Esta não linearidade destaca para nós a necessidade da reflexão contínua a respeito de nossa própria jornada, compreendendo que até mesmo nos momentos considerados como “estagnados” é possível reconhecer progressos.
São justamente os traços não lineares que traçam cada processo terapêutico que destacam a singularidade de cada ser humano. Detentores de uma história única, cada um de nós passará por uma experiência pessoal e única vivenciada através da psicologia ou qualquer outra atividade que proponha auto reflexão.
Acolher nossos traços humanos nos traz a posição de perdão conosco e com os outros. Possibilitando a auto responsabilidade sem culpa, relações que respeitem nossos limites e diversas outras características que contribuem para o bem-estar emocional.
Em um mundo de imediatismo e soluções rápidas, é necessário abraçar a não linearidade de nossos processos. A psicoterapia apresenta uma jornada dinâmica, repleta de nuances, que refletem a natureza da exploração emocional e do desenvolvimento pessoal. Ao aceitar e compreender estas flutuações é possível encontrar um fértil terreno para um crescimento autêntico e transformador.